quinta-feira, 5 de julho de 2012

Casquinha da Ferida

Quando eramos crianças, costumávamos  nos machucar muito. Bater nos móveis, levar inúmeras picadas de mosquitos, tirar a "tampa" do dedão do pé, ralar os joelhos... a maioria das vezes, essas feridas criavam as famosas casquinhas, que quase com um instinto, sentimos a necessidade de arrancá-la. Mesmo sentindo dor... mesmo sabendo que vamos sangrar... mesmo sabendo que nossas mães iriam ralhar, dizendo que poderíamos deixá-las piores e que demorariam mais para curar.

Querendo ou não, isso pode ser relacionado com tudo o que já foi dito sobre o melhor, e também às vezes pior, sentimento do mundo. Quantas vezes você já não consolou um amigo ou uma amiga que levou um fora e, infelizmente, o fez relembrar alguns dos momentos bons que eles tiveram juntos? Quantas vezes você já não se pegou pensando naquela paixão, aquele alguém que te fez sofrer, que não deu certo? Cutucamos feridas abertas, recentes, a fim de reviver momentos que gostaríamos de ter de volta: tiramos a casquinha da ferida. A maioria delas ainda dói, ainda é vermelha o suficiente para nos fazer sofrer tanto quanto sofremos quando a adquirimos. Outras, por outro lado, já tiveram sua "casquinha" removida outras vezes, sua história já fora contada a outras pessoas e, com cada uma delas, foi deixada um pouco da dor. Por fim, há aquelas que já sararam, que já não doem mais. Porém, sua cicatriz permanecerá naquele que a adquiriu. Mas são essas histórias, essas feridas, essas cicatrizes que fazem de nós o que somos, que nos fortalecem. Cada uma delas é sinal de que superamos algo e nos tornamos mais fortes.

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