quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Agonia

     Há tempos não sentia tal agonia. Duas horas da manhã... já era suposto ela estar dormindo. Mas nada. Mesmo assim, apaga as luzes e deita na cama. O sono não chega. Vira-se de um lado para o outro, abraça seu inseparável urso de pelúcia. Agonia, agonia, agonia. Seus olhos não conseguem se acostumar com a falta de luz: tudo parece mais sombrio do que de costume. Algo feito durante o dia a fez pensar? Não; algo que lhe foi dito? Não. Ela está apreensiva por ter que enfrentar seus próprios medos. Já crescida, não se preocupa mais com o monstro escondido alternadamente embaixo de sua cama e atrás de sua porta. Não precisa mais dormir de luz acesa. O medo se esconde dentro da sua própria cabeça. 
     A noite de verão está anormalmente fria, o que só agrava mais a sensação de solidão. É, solidão... a agonia ao mesmo tempo a esmagava a impedia de chorar... quem sofreu mais foi o urso, cada vez mais esmagado pelo abraço na tentativa de preencher o vazio repentino. Olha para as paredes brancas, para a janela pouco iluminada - ainda não havia se acostumado com a escuridão. Decide então, colocar seus fones de ouvido e tentar se cansar, como quase sempre acontecia. Contrariando o "protocolo", escuta músicas melancólicas. Nada ainda. Meia playlist depois, desliga. Entorpecida, torce para que tudo, a partir de agora, dê certo. Enfim, fecha os olhos para uma noite estranha, onde nada parecia normal, nem mesmo ela.

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